Cap. 300
— Aqui, rapaz. Deite o homem com cuidado. – vai comandando, sempre educadamente, a viúva Emma.
Solomon obedece prontamente. Na verdade, ele já estava sentindo falta de uma mulher agitada dando ordens em seus ouvidos.
Emma prossegue com os ajustes finais: — Pronto! Agora, por favor, segure as costas dele sentado na cama enquanto ajeito os travesseiros (na verdade, são sacos cheios de trapos).
— Parece bom. O senhor está confortável?
McQueen responde positivamente com a cabeça.
A mulher continua a se movimentar e falar:
— Encontrei esse caixote e vou colocar suas roupas e pertences aqui, pode ser?
O prefeito não tem tempo de responder.
Emma: — Aqui está sua camisa, sapatos, calças, aliás, que sorte o jovem Solomon poder ceder uma de suas camisas para o senhor.
— Foi realmente uma benção. – responde um irônico McQueen vestindo a camisa que lhe passa dos joelhos e cujas mangas precisa dobrar tantas vezes que parece estar com uma roda de carroça em cada braço.
Emma conclui sua arrumação: — E aqui estão seu paletó e seu colete.
Alguns objetos caem dos bolsos das roupas e a viúva se desculpa enquanto os recolhe:
— Oh, Perdão! Por favor, me desculpe por ser tão desastrada.
A mulher começa a colocar as coisas no caixote e se detém ao ver uma fotografia, já bastante vincada, de um McQueen mais novo com sua esposa, filho e filha.
— É o senhor? – deixa escapar Emma.
— Era. – responde McQueen.
Emma percebe ter esmagado algo mais sensível do que Solomon havia feito no banho:
— Me desculpe, não queria ser invasiva.
McQueen meneia rápida e negativamente a cabeça tentando minimizar o sentimento de culpa da mulher:
— É uma fotografia de minha família. Eu, minha amada Ruth, o pequeno Wally e nossa caçula, Florence.
Emma percebe que o prefeito precisa desabafar, por isso arrisca a pergunta: — Eles…
McQueen confirma a impressão da mulher e nem a deixa terminar: — Estão mortos.
Emma: — Lamento muito. Poderia dizer o que aconteceu ou…
McQueen: — Eu.
Emma, confusa: — Mas o que o senhor fez?
McQueen: — Eu não fiz.